Graciosa, uma ilha à parte
A nossa viagem não incluiu a Graciosa, mas tal como vos prometi no 9 posts,9 ilhas, segue aqui o meu guia sobre a segunda ilha mais pequena do arquipélago.
Estive há uns anos na Graciosa e fiquei impressionada com o isolamento desta terra em comparação com o restante Grupo Central (Terceira, Faial, Pico e São Jorge). Apesar da distância ser tão pequena que nos dias bons avistamos todas as ilhas vizinhas, a Graciosa parece ser uma ilha à parte. Uma característica que é um pau de dois bicos. Por um lado tem as falhas de uma terra que parece esquecida, por outro tem a calma e harmonia de uma ilha que tem como nome próprio a sua melhor descrição.
Não há voos diretos do continente para lá. Pode viajar até à Terceira ou São Miguel e depois seguir para Graciosa num voo inter-ilhas da SATA ou então viajar de barco a partir de São Jorge ou da Terceira (de maio a outubro) com a Atlântico Line.
O que não pode perder:
Furna do Enxofre - Enorme abóbada natural que esconde no interior uma lagoa de água fria e diversas emanações gasosas e de dióxido de carbono. O acesso à furna é feito através de uma torre com 37 metros e 183 degraus (Centro de Visitantes da Furna do Enxofre, aberto todos os dias das 10h00 às 18h00. Preço: 3.50 €).
Paul de Santa Cruz - Por ser a ilha dos Açores com menos pluviosidade, os habitantes criaram tanques de aproveitamento para os dias em que as nascentes não são suficientes. Recentemente foi criada a Rota da Água, um percurso pela rede centenária de reservatórios e sistemas de abastecimento de água que passa pelo incontornável paul da única vila da Graciosa.
Termas do Carapacho - Na baía da freguesia da Luz pode desfrutar de hidromassagens e banhos de águas com propriedades únicas para o tratamento de várias maleitas que têm origem no aquífero subjacente à Furna do Enxofre (1 € / 30 minutos). Sabe tão bem que vai esquecer o cheiro a enxofre. Além das termas, que estão abertas de maio a setembro, pode também dar um mergulho nas piscinas naturais do Carapacho.
Andar de burro
Os burros anões da Graciosa foram reconhecidos como raça autóctone (que tem origem no local onde se encontra). Antigamente, eram tão comuns, que esta era também conhecida como Ilha dos Burros. Hoje em dia, a Associação de Criadores e Amigos do Burro Anão tenta combater a extinção destes animais e mostrar as potencialidades terapêuticas da raça. Por enquanto, a única atividade que pode fazer com estes dóceis burrinhos são agradáveis passeios pela ilha.
Caldeirinha - Fica na Serra Branca e é um dos principais pontos de contemplação da Graciosa e das restantes ilhas do Grupo Central.
Ilhéu da Baleia
Ao longo da costa da Graciosa há restos de antigos vulcões que formam ilhéus com formas engraçadas. O ilhéu da Baleia é um deles. Parece um destes gigantes cetáceos ancorado junto à baía da Ponta da Barca. Já os ilhéus de Baixo e da Praia são cativantes por abrigarem importantes comunidades de plantas costeiras e ninhos de aves marinhas, entre os quais o painho-de-monteiro, a ave marinha mais pequena dos Açores.
Furna da Maria Encantada - Conta a lenda que há muitos, muitos anos, Maria foi das poucas sobreviventes de uma explosão vulcânica ao acreditar que um galo a avisava da catástrofe. A lenda conta ainda que ambos permanecem encantados nesta furna onde, em dias de vendaval, se ouve o galo e, em dias de nevoeiro, se vê fumo por Maria estar a cozer pão. A lenda aguça a curiosidade para entrar na furna, mas é ao atravessá-la que vai encontrar um cenário mágico: a Cratera da Caldeira, uma formação geológica de origem vulcânica.
Museu regional
Instalado num barracão de botes baleeiros, este museu reúne peças da etnografia, nomeadamente no que se refere à cultura da vinha.
Monte de Nossa Senhora da Ajuda - Vista panorâmica sobre a vila de Santa Cruz e sobre as vinhas da ilha. Nos pontos mais altos do monte há três ermidas que merecem uma visita, essencialmente a de Nossa Senhora da Ajuda que parece um castelo em miniatura.
Farol da Ponta da Barca
Este farol de um só piso tem a torra mais alta dos faróis dos Açores. São 23 metros de altura que iluminam o caminho para quem navega de noite no mar que rodeia as ilhas do Grupo Central do arquipélago. Uma vista deslumbrante sobre o oceano.
Onde e o que comer:
Quinta das Grotas - Restaurante típico açoriano situado numa casa rústica da freguesia de Guadalupe. Prove uma das famosas telhas de peixe e marisco (Facebook).
Apolo 80 - Restaurante com pratos típicos. Aqui pode experimentar a deliciosa caldeirada de peixes e as famosas lapas dos Açores, apanhadas na própria ilha, assim como a tenra carne dos animais criados nas pastagens da Graciosa.
Queijadas da Graciosa
Não pode sair da "ilha branca" de Raul Brandão sem provar as queijadas da Graciosa. O doce típico da ilha, com uma base estaladiça em forma de estrela e um recheio crocante feito de leite, ovos e açúcar, é já exportado para muitas partes do globo. Por toda a ilha há espaços onde pode experimentar esta iguaria mas é na Pastelaria Queijadas da Graciosa, onde são confeccionadas, que sabem melhor (Facebook).
Onde dormir:
Moinhos de Pedra - Considerados por muitos o ex-líbris da Graciosa, os moinhos de vento desta ilha são hoje também local de eleição para pernoitar. Alguns dos 28 foram transformados em alojamento turístico e fazem sucesso junto de quem escolhe este lugar para descansar. Pode optar pelo Boina de Vento ou pelo Moinho Mó da Praia.
Graciosa Resort - Biosphere Island Hotel - Hotel de quatro estrelas com uma vista fantástica. No seu interior tem o restaurante Aroma que serve uma fusão de sabores da nova cozinha com a gastronomia regional, nacional e internacional (Facebook).
Festas:
Festa do Santo Cristo dos Milagres - As maiores festas da Graciosa realizam-se na segunda semana de agosto.
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