Passear por Lisboa em tuk tuk
Foi em 2010, em Coimbra, que o primeiro tuk tuk chegou a Portugal. Mas foi a partir de 2012 que a moda pegou.
Cinco anos depois, são centenas os veículos espalhados por todo o território nacional. Até nas regiões autónomas estes triciclos com cabine para transporte de passageiros já estão disponíveis, mas é em Lisboa que se concentra o maior número de tuk tuk.
Cerca de 100 veículos, de mais de uma dúzia de empresas, oferecem aos turistas um serviço inédito. Ao apanhar boleia de um tuk tuk, os passageiros embarcam numa viagem que alia passeio, história, cultura e humor.
Os motoristas, que acabam também por ser guias e contadores de histórias, são jovens, quase todos licenciados, falam várias línguas e recebem formação específica para explicar de uma forma criativa os segredos da capital.
Os circuitos são muitos. Os que incluem Alfama e Belém os preferidos. Os preços variam de acordo com o tempo da viagem, o número de pessoas e os locais a visitar.
Até celebridades internacionais já se renderam ao encanto desta nova forma de visitar Lisboa. Grazielli Massafera é um dos exemplos. A atriz brasileira publicou fotos da sua passagem por Portugal, em 2014, onde aparece dentro de um tuk tuk.
No mesmo ano, nas maiores festas da capital, o transporte da igreja para o copo de água dos noivos de Santo António foi feito através de vários tuk tuk.
Ao contrário do que acontece nas grandes cidades da Índia e do Sudoeste Asiático, de onde são oriundos os tuk tuk e onde funcionam como táxis, em Portugal estes veículos são um meio de transporte turístico.
Apesar dos preços serem um bocadinho altos para os bolsos da maioria dos portugueses, num dia especial, vale a pena conhecer Lisboa desta forma.
A capital em 60 minutos e três rodas
Eu fiz o passeio com a Tuk Tuk Tejo e adorei perder-me em cima de três rodas por Lisboa. Foram 60 minutos muito divertidos onde aprendi mais sobre esta linda cidade.
A aventura começou na Praça do Comércio, de seguida passamos pela Igreja de Santo António onde o motorista-guia Luís revelou que muitas mulheres pedem para parar neste local porque querem pedir ao santo casamenteiro um marido.
Depois de conseguir arrancar-me uma gargalhada, seguimos para o Miradouro das Portas do Sol. Nesta varanda sobre Alfama, Luís explica os símbolos da capital: estátua de São Vicente (santo padroeiro da capital), a barca e os dois corvos que fazem parte do brasão de Lisboa.
Já em frente à Sé, a concentração de tuk tuk revela que estamos num ponto de paragem obrigatória. São centenas os turistas que tiram fotos à catedral, conhecida também por igreja de Santa Maria Maior e sede do Patriarcado de Lisboa.
Segue-se o Panteão Nacional. Ao passar por este monumento, o guia conta mais uma curiosidade. O ditado popular “é como as obras de Santa Engrácia” deve-se ao facto de a construção da igreja de Santa Engrácia, onde hoje é o Panteão, ter demorado cerca de 350 anos a ficar concluída.
A passagem pelo Castelo de São Jorge é breve, mas nos poucos minutos que lá paramos consegui imaginar uma Lisboa de outros tempos.
E chegamos ao “local preferido dos turistas” confessa o motorista-guia ao estacionar o tuk tuk junto ao Miradouro de Nossa Senhora do Monte. O que vejo a partir daqui é realmente arrebatador: uma vista panorâmica da capital portuguesa.
De novo sentada no tuk tuk, sou informada que o próximo destino é Alfama. Os moradores do bairro mais antigo de Portugal cumprimentam Luís como se fosse um velho amigo, e este retribui, ora com piadas, ora a perguntar pela ementa disponível para o jantar. “É aqui que se sente o verdadeiro espírito bairrista”, conta enquanto conduz pelas pequenas e apertadas ruelas com estendais nas varandas das casas.
Dizem que o fado nasceu em Alfama, e é no final deste bairro que se localiza o museu que conta a história deste símbolo nacional, que é também Património Imaterial da Humanidade e onde termina o meu passeio.
Saiba mais sobre a moda dos tuk tuk em Portugal no meu artigo publicado no site do Correio da Manhã aqui